Os protestos populares durante a Copa das
Confederações deixaram uma dúvida na cabeça dos dirigentes da Fifa: em
entrevista divulgada pela agência alemã DPA, e reproduzida pela
americana AP, nesta quarta-feira, o presidente Joseph Blatter afirmou
que a entidade pode ter errado na escolha do Brasil como anfitrião da
Copa do Mundo de 2014 caso as manifestações se repitam no ano que vem.
Joseph Blatter |
- Se isto acontecer outra vez temos de colocar em
questão se fizemos a decisão errada na escolha da sede. O governo
brasileiro está consciente que o Mundial não poderá ser conturbado -
disse o suíço, segundo a nota divulgada pela AP à imprensa.
Em contato com o GLOBOESPORTE.COM, a Fifa divulgou o que seria a resposta completa de Blatter sobre o tema:
- Se isto acontecer outra vez em 2014, então talvez
nós tenhamos que nos questionar se tomamos a decisão errada de entregar
ao Brasil o direito de ser sede. Porém, isso não acontecerá. Eu estou
confiante que o Brasil vai entregar uma grande Copa do Mundo. É o lugar
certo para estar. Porém, eu vou discutir esse e outros assuntos com a
presidente Dilma Rousseff em setembro.
Blatter acompanha abertura da Copa das Confederações ao lado de Dilma, em Brasília (Foto: Reuters)
Em junho, algumas manifestações aconteceram ao redor
de estádios em dia de jogos do torneio. Na partida de abertura, por
exemplo, o conflito entre policiais e manifestantes chegou bem perto do
portão de entrada do estádio Mané Garrincha, onde Dilma e Blatter
assistiram juntos à vitória da Seleção por 3 a 0 sobre o Japão (os dois
chegaram a ser vaiados pelo público).
O Ministério do Esporte respondeu, em nota, à declaração de Blatter nesta quarta:
- O sucesso da Copa das Confederações comprova o
acerto da escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo. Quanto às
manifestações, o Brasil é um país democrático, que garante aos seus
cidadãos plena liberdade de expressão.
Em entrevista à TV Globo e ao GLOBOESPORTE.COM, pouco
depois da abertura do torneio deste ano, Blatter afirmou que o futebol
não deveria usado para reivindicações populares:
- Estão relacionando (as manifestações) com a Copa das
Confederações. Eu posso entender que as pessoas não estão felizes. Mas
acho que eles não deveriam usar o futebol para anunciar as
reivindicações. O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não impusemos ao
Brasil esta Copa do Mundo. Eles sabiam que para ter uma boa Copa do
Mundo naturalmente teriam que construir estádios. Mas nós dizemos que
não é apenas para a Copa do Mundo. Junto com os estádios há outras
construções: rodovias, hoteis, aeroportos... São itens do legado para o
futuro. Não é apenas para a Copa do Mundo.
Na véspera da final do torneio, o secretário-geral da
Fifa, Jérôme Valcke, também comentou sobre os protestos e afirmou que
espera o país sem manifestações em 2014:
- Esqueça o que aconteceu, essas fotos que você viu, porque isso não é o Brasil, é parte de uma democracia haver manifestações. Venha para o Brasil no próximo ano. Será o lugar para
estar, porque a Copa do Mundo será o evento mais maravilhoso se você ama
futebol.
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